Resenha: "A História de Uma Serva", de Margaret Atwood

26/05/2020 21:54

 

 

  Editora: Bertrand Editora

  Autor: Margaret Atwood

  Edição:

  Número de páginas:

 

 

 

 

Sobre a autora

Nascida em Toronto, Margaret Atwood estudou em escolas mundialmente conhecidas, nomeadamente na Universidade de Harvard. Os trabalhos da autora canadiana foram já pulicados em mais de 45 países, sendo este livro o mais famoso de todos.

 

A obra

Olá a todos!! :)

 

Quando partilhei o unboxing deste livro no Instagram, muitos foram os que elogiaram o livro ou demonstraram expectativa quanto a uma possível leitura depois de terem visto a série que se passa no mesmo mundo. Contudo, apesar de ter gostado da leitura, acabei por não achar nada de muito especial.

 

Mas, primeiro, a história.

E se a fação conservadora fundamentalista dos EUA tomasse o poder? E se, dado o clima de guerra, fosse instaurado no país um regime que despe as mulheres de qualquer tipo de direito básico?

 

É exatamente isso que acontece em “A História de Uma Serva”, uma distopia na qual conhecemos a vida de uma dessas Servas que são obrigadas a fazer filhos para as Senhoras das casas onde vivem, sob pena de represálias gravosas. Quando uns anos antes se encontravam numa vida perfeitamente normal, casadas, com direito a filhos e uma conta no banco.

 

 

A história é-nos narrada na primeira pessoa, do ponto de vista desta Serva, que fala, ora connosco, ora com o seu marido Luke, que não voltou a ver desde que as coisas mudaram. Na verdade, toda a história se vai resumindo a isso… desabafos, intercalados com algumas ações presentes da vida que tem agora.

 

O início da leitura é um pouco complicado… E o primeiro motivo é essa lentidão de quem vai vendo os detalhes e relembra o passado que tinha. Assim, a narradora fala-nos de quando o seu mundo mudou, tão de repente, e relembra ainda o período em que as mulheres foram reconvertidas. Com estas misturas, nem sempre as coisas ficaram totalmente claras para o leitor, especialmente enquanto a maioria das peças não se começava a juntar. Parece que a autora nunca nada de mão beijada.

 

A escrita é também um pouco difícil de entranhar, porque não faz parte de um ritmo natural. No entanto, consegue ter uma beleza fria e seca muito particular. Um cortar inesperado de palavras, uma descrição trabalhada de realidades e sensações tão assertiva e rica que nos mantém a seguir todas as palavras mesmo quando os detalhes são demasiados.

 

 

O mundo está mesmo muito bem pensado. Desde a ideia base aos vários pormenores que constroem a história. E se há algo a que a autora dá foco são pormenores. E isso inclui a reconstituição do pensamento que, de tão natural que parece, se torna verdadeiramente perturbador. É assim que Margaret Atwood despoleta os momentos mais provocadores.

 

Por outro lado, as personagens precisavam de mais sal. Tudo bem, não pode existir um grande movimento ou exposição para conhecermos as secundárias, dados os limites impostos a uma população genericamente em inércia. No entanto, há uma questão essencial que falha à protagonista: um propósito, um objetivo. Algo que leve ao desenvolvimento da história pela sua vontade e não pelo que vai acontecendo à sua volta.

 

Seja como for, aconselho esta história a todos os que gostam de distopias, e também aos que gostam de pensar sobre o que o imobilismo social poderá conduzir a um cenário dantesco como este. Mas tenham em atenção que não raras vezes desconfiamos que se trata de um livro mais literário do que comercial, prezando  mais pela escrita trabalhada e que nos faz pensar e pelas mensagens escondidas nas entrelinhas do que por uma ação completa e com ritmo ou por personagens aprofundadas de forma empática.

 

Boas leituras!! ;)

 

 

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