Resenha: "Caim", de José Saramago

21/07/2019 11:09

 

 

 

  Editora: Porto Editorea

  Autor: José Saramago

  Edição: (fevereiro 2017)

  Número de páginas: 146

 

 

 

 

Sobre o autor

Nascido em 1922 numa família de camponeses, José Saramago publica o seu primeiro romance, Terra do Pecado, em 1947. Foi diretor adjunto do Diário de Notícias. Mais tarde, partilhou residência entre Lisboa e a ilha de Lanzarote, até à sua morte, em 2010, não sem antes receber o Nobel da Literatura, em 1998.

 

 

A obra

Olá a todos!! :)

 

O livro que vos trago foi lido para um clube de leitura que passei a frequentar! :) É recente, e aceita membros curiosos, com vontade de falar sobre as suas leituras ou apenas conhecer novas histórias! Tudo começou há dois meses, quando a Sónia Morais Santos do blog Cocó na Fralda decidiu estender o Clube de Leitura que organiza em Lisboa para o fazer chegar às terras do Norte… :) Rapidamente surgiram interessados e agora estamos a formar uma família de amigos literários que, mesmo fora dos encontros, acaba a falar sobre as suas leituras…!

 

Este foi o encontro mais recente, ora vejam a foto! :) E podem sempre juntar-se a nós, basta estarem atentos ao blog da Sónia para descobrirem a data de cada mês… E podem sempre falar comigo!! :)

 

 

Mas voltemos ao livro “Caim”, do Nobel português, que me deixou com os cabelos em pé… E não pelos melhores motivos.

 

Depois de interromper a leitura a meio por causa da época de exames (o que me impediu de cumprir o prazo de leitura conjunta do clube, a qual ocorre, mês sim, mês não), acabei por tentar fazer a leitura desta reconstrução do Antigo Testamento com maior tranquilidade, mas acabei por não conseguir usufruir da história tanto quanto gostaria.

 

 

Para quem não sabe, esta é a história de Caim, o qual, após matar o irmão, é protegido por Deus através de uma marca de poderes sobrenaturais. Nesta história, Caim é o protagonista e manifesta a sua errância ao deambular ao longo de todo o livro pelos mais diversos episódios bíblicos do Antigo Testamento.

 

Comecei a ler de mente aberta e espírito livre, mas, logo nas primeiras páginas (e após uma citação introdutória que apelida a Bíblia de “Livro dos Disparates”), senti que algo não estava bem. Algo no tom de voz do autor roçava o propósito de humilhação. E a verdade é que, com o avançar da leitura, não consegui parar de pensar no quanto o autor parecia querer calcar o cristianismo. Quase como se precisasse de espezinhá-lo para poder afirmar o seu ateísmo.

 

Contudo, este trabalho de desacreditação passa por alguns momentos curiosos, muitos de um humor bem conseguido (outros de uma comédia já exagerada) que são capazes de divertir o leitor que não se sente ofendido e que se deixa embalar pela escrita de Saramago.

 

 

De qualquer das formas, no meio da sua crítica demasiado literal (que deixa passar ao lado a verdadeira ideologia), Saramago acaba por colocar questões válidas e com as quais muitas pessoas (particularmente crentes) se debatem diariamente… será realmente Deus perfeito? Para que servem todos os rituais detalhados? Será que têm mesmo algum significado...?

 

O grande problema é o modo como tudo isto se constrói, através de uma transposição literal dos episódios, dos quais se extraem conclusões superficiais nada esperadas de um Nobel da Literatura… Nestas cenas, a religião é mordazmente criticada com base numa figura de deus que certamente nenhum cristão seguiria: um deus cruel, mundano. Quase um deus pagão repleto de manias e interesses, sem escrúpulos que o impeçam de fazer diretamente mal às pessoas.

 

Ainda assim, “Caim” é uma leitura leve para quem não quiser adentrar nos meandros da teologia. Não obstante o protagonista morno – e a sua viagem sem rumo nem sentido –, esta é uma narrativa que promete um serão agradável e calmo.

(E estas edições simples da Porto Editora dão mesmo vontade de ter os livros todos em casa!! XD)

 

Boas leituras!! ;)

 

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Tópico: Resenha: "Caim", de José Saramago

Saramago

Data: 24/07/2019 | De: Joana

Eu ja li outros livros do Saramago e gostei. Esse tambem nao me agradou muito. Senti o mesmo!

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