Resenha: "O Homem de Penas"

  Editora: Topseller (2020)

  Autor: Jeremy de Quidt

  Edição: 1

  Número de páginas: 284

Sobre o autor

Após estudar Literatura Medievel Inglesa, e pensando que escritor não era uma profissão a sério, Jeremy de Quidt frequentou Direito e viu-se preso aos escritórios de advogados que o fizeram lutar pelo mundo das publicações.

A obra

Olá a todos!! :)

Já ouviram falar de “O Homem de Penas”?? Desde que o vi (e passei os olhos pela sinopse) que senti uma enorme necessidade de o ler… Até que isso finalmente aconteceu! :)

Esta é a história de um rapaz órfão que vive com um tira-dentes, ajudando-o a tirar dentes a cadáveres de pobres para o poder vender aos ricos como verdadeiras dentaduras.

Numa das suas operações, ambos se deparam com uma dentadura um tanto inesperada… para além de 32 dentes de ouro estarem escondidos sob uma branca camada de gesso, um diamante incrustado no maxilar brilha no interior da boca do morto, pronto para ser retirado. O que eles não sabiam era que aquele místico diamante azulado ditaria o fim das suas vidas…

Devo dizer que a história começa irrepreensivelmente, fazendo-nos adentrar nos lugares e ambientes aquecidos e semi-medievais, bem como nas relações conflituosas entre as personagens. E tudo isto em cenas aterrorizadoras e com um toque verdadeiramente arrepiante, num tom único e peculiar.

Contudo, parece que, a cerca de metade do livro, quase tudo se perde e a história fica presa apenas pelo mistério e por alguma ação... Para além disso, a meu ver, tudo se torna muito mais difícil de visualizar.

O principal inconveniente deste livro é a dificuldade de definição do público-alvo: se a história está desenhada de forma relativamente simples para fácil compreensão de um público mais infanto-juvenil, então porque é que o vocabulário parece tão inacessível a essa faixa etária? O que leva o autor a introduzir, no final, conceitos mais abstratos e de difícil compreensão?

A escrita conseguiu agradar-me na sua maturidade e expressões cuidadosamente trabalhadas. Para além disso, a narração altera-se subtil e magistralmente entre a voz do narrador e os pensamentos das personagens (apresentadas na terceira pessoa).

Infelizmente (em especial, num livro deste género), as personagens não conseguem cativar. A verdade é que, tentando torna-las a todas tão misteriosas e aterrorizadoras, a dimensão humana cai no esquecimento e nada nos agarra sequer às crianças protagonistas a não ser os problemas em que estas se vão envolvendo. É claro que a isto não ajuda nada a alteração excessiva de focalização, levando a que estejamos com cada personagem apenas durante cerca de 60 páginas.

(Sim, o mistério do diamante acaba por envolver vários interesses e personagens em separado.)

Enfim… Não obstante o final brusco e um tanto confuso, tenho a certeza de que esta leitura vale a pena para os fãs de um terror equilibrado ou de um mistério invulgar e sobrenatural. Só o envolvimento das primeiras páginas faz tudo valer a pena! Além disso, olhem só para esta capa!! Não é para ter na estante???

Boas leituras!! ;)