Resenha: "O Sobrinho do Mágico", de C S Lewis

  Editora: Editorial Presença

  Autor: C S Lewis

  Edição: 1

  Número de páginas: 148

Sobre o autor

Professor de Literatura Inglesa em Oxford e Cambridge, C S Lewis foi um conhecido escritor e teólogo britânico, falecido em 1963. È particularmente conhecido pelos seus trabalhos de ficção, sendo o seu magnus opus a coleção Crónicas de Nárnia.

A obra

Olá a todos!! :)

Eu já sei o que me vão dizer… Não, não estou a falar do típico “Já não tens idade para esses livros”, porque nunca aceitaria uma declaração tão infundada. Refiro-me, claro, ao comum “Esse já foi muito badalado… E só agora, depois de tantos anos, é que te lembraste de o ler?”. Okay, isso já compreendo. Mas continuo a contrariar! :P

E só agora vos apresento a primeira crónica de Nárnia, a qual nada tem que ver (pelo menos diretamente) com os quatro irmãos que lá chegaram através de um guarda-fatos antigo numa certa sala vazia… Esta história passa-se muitos anos antes, e é capaz de explicar alguns dos detalhes da conhecida história adaptada aos ecrãs.

Digory e Polly conheceram-se casualmente e tornaram-se amigos com a facilidade habitual de duas crianças em idade de brincar às descobertas. Mas as aventuras dos dois acabam viradas do avesso quando o tio do rapaz, um feiticeiro louco e malvado, os envia como cobaias para outro mundo… Ou um conjunto deles. Até que uma Nárnia diferente vem surgir diante dos seus olhos… Uma Nárnia nova, viva e com uma manto de flores no lugar de neve.

Devo dizer que esta história foi um pouco indiferente para mim. E, como é óbvio, isso não tem nada de bom, especialmente quando o leitor é alguém que procura sempre que os livros façam diferença na sua vida (nem que seja em resultado da vivência de uma nova aventura).

Algo não poderei negar: Lewis constrói o mundo envolvente com lógica e algum passe de mágica. Só é pena que a grande criatividade na apresentação das ideias e espaços não seja quase desenvolvida, nem por meio de mecanismos que façam avançar a história. Talvez tenha sentido isso pelo facto de os personagens terem viajado de mundo em mundo, o que levou sempre a uma apresentação demasiado superficial de cada um deles.

No entanto, também outros campos literários foram prejudicados por esta redução simplista. Ainda que apresente as personagens e situações de forma calma, e por vezes engraçada, Lewis peca pela falta de envolvimento do leitor. Sinceramente, senti necessidade de sentir qualquer coisa, nem que fosse alguma empatia pelas personagens.

O ritmo de escrita balouçante e suave ajuda a terminar a leitura com alguma facilidade, mas o diferencial relativamente ao tempo de publicação poderá estar na causa de alguns problemas nos diálogos, os quais, ainda que fluidos, não parecem nada naturais. Acima de tudo, parece-me que Lewis não se consegue colocar verdadeiramente no lugar do outro e tornar as personagens minimamente reais, atribuindo-lhes defeitos e motivações. Mas talvez fosse esse o estilo de livro infantojuvenil na época…

Seja como for, acabei por concluir que não deveria ter começado com “O Sobrinho do Mágico”. Para quem não sabe, eu explico: a coleção foi publicada pela ordem cronológica da história. No entanto, esta não coincide com a ordem de publicação. O segundo volume, por exemplo, foi o primeiro a ser publicado (o clássico e primeiro a ser adaptado ao cinema). Este livro foi escrito mais tarde como prequela, pelo que tem mais interesse para os fás da história principal que querem saber mais sobre o nascimento de Nárnia.

De qualquer forma, darei outra oportunidade à coleção. Até porque me lembro de ter visto o filme (há uns bons anos) e de ter gostado muito. Espero não me desiludir…

Boas leituras!! ;)