Série: "As Telefonistas" (1ª temporada)

Episódios: 8 (50 min) -  País de origem: Espanha  -  Ano: 2017

Avaliação: 8/10

Olá a todos!! :)

Eis que, deitado no sofá, com o menu da Netflix no ecrã e de comando no braço descaído, carregando indolentemente num botão, me deparo com a série calma que o meu subconsciente cansado me pedia com um sussurro…

Só não esperava que “As Telefonistas” fossem muito mais do que uma mera série calma, capaz de me fazer avançar de episódio para episódio sem vontade de carregar no botão para parar. Ao fim do primeiro episódio, já me encontrava totalmente envolvido na história…

Tudo se passa nos finais dos anos 20. Madrid está em progresso, a rede telefónica evolui cada vez mais. E a profissão de telefonista é das poucas que permite um emprego minimamente especializado às mulheres daquele tempo.

Esta história centra-se num grupo de mulheres que se unem ao se imiscuírem nesta profissão: uma jovem de aldeia que se depara com o chocante mundo citadino, uma traída que se vê presa no pesadelo da violência doméstica, uma filha de um coronel que está proibida de trabalhar… e uma jovem que tem de roubar a Companhia Telefónica para salvar a própria vida e que rapidamente se enrola num denso novelo de mentiras…

A verdade é que Lidia não esperava que a entrada na Companhia mudasse tanto a sua vida… Faz amizades verdadeiras e intensas, reencontra o seu passado e vive um triângulo amoroso ao apaixonar-se pelo cunhado e amigo do seu antigo grande amor…

Mas não pensem que é um daqueles romances lamechas e chatos… Pelo contrário! Lidia tem personalidade e a história não é nada forçada, desenvolvendo-se aos nossos olhos com uma naturalidade enternecedora.

Para tal, são indispensáveis as atuações irrepreensíveis do elenco, que fazem de cada cena um momento único e diferente de todos os outros, conferindo à série um toque particular. A vivacidade e energia dos anos 20 não passam ao lado das mulheres determinadas e cativantes, nem das várias cenas que nos deixam um meio-sorriso esboçado nos lábios.

Aquilo de que senti mais falta foi a componente histórica, que deixou ligeiramente e a desejar. Os pequenos pormenores da história vão-nos introduzindo no tempo, mas a verdade é que, tirando isso (e os sussurros que nos chegam sobre um possível próximo golpe de estado), estamos presos ao final dos anos 20 espanhóis por um fio lamentavelmente frágil. Até a música e a forma de agir e gesticular é demasiado atualista e longínqua dessa época para que seja verdade (ainda que esta mistura permita criar um tom único e delicioso à série).

Quanto à escrita, apenas posso dizer… Que show! Todas as cenas estão bem planeadas para nos passar uma mensagem, deixar-nos a pensar em algo, ou desenvolver uma reflexão. Para além disso, cada episódio está perfeitamente estruturado para desenvolver um determinado tema através da história, com um pequeno texto narrativo em voz-off a iniciar e fechar todos eles no mesmo estilo instigador e subtil.

Acima de tudo, e mesmo que não particularmente criativa na conceção do enredo, “As Telefonistas” é uma série capaz de nos fazer pensar, não apenas no valor e papel das mulheres na sociedade, mas também em questões mais arrojadas que nos abrem a mente nos momentos mais inesperados…

Boas leituras!! ;)